É o currículo escolar relevante na cultura digital? Debates e desafios sobre a autoridade cultural contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.14507/epaa.v22n24.2014Palavras-chave:
currículo, cultura digital, novas tecnologias, autoridade, conhecimento escolarResumo
O currículo escolar é objeto de várias impugnações desde algumas décadas, algumas desde o próprio campo da teoria curricular e outras de dinâmicas políticas e culturais mais amplas. A partir de uma definição operacional do currículo moderno como um documento público que expressa uma síntese de uma proposta cultural, formulada em termos de educação, sobre como e quem define autoridade cultural em uma dada sociedade, o artigo analisa a configuração histórica de certos aspectos centrais e desafios contemporâneos. Mais especificamente, o artigo procura trazer para o debate sobre o currículo as mudanças tecnoculturais ou da cultura digital que questionam a centralidade do texto curricular e propõem outros critérios de organização e hierarquia dos saberes e outras operações com o saber baseadas na popularidade e gostos dos consumidores e em respostas emocionais e imediatas. A perspectiva de análise, influenciada pelos estudos de Foucault e da sociologia política do currículo, a teoria da dos atores em rede, e da história cultural dos estudos de mídia e tecnologias digitais, permite realçar as dinâmicas e articulações que produzem o currículo e seus critérios organizacionais, bem como a circulação e re- articulação de posições críticas. Neste percurso, procuro argumentar que o currículo ainda tem relevância como um documento público que busca organizar experiências educativas nas escolas, e que não deveríamos “desestimar ligeiramente”, os debates e desafios sobre a seleção e re-criação da cultura que o currículo moderno estruturou.