Currículo, normatividade e políticas de reconhecimento a partir trajetórias escolares de “meninos gays”
DOI:
https://doi.org/10.14507/epaa.25.2835Palavras-chave:
currículo, normatividade, reconhecimento, gênero, trajetórias escolaresResumo
Este artigo explora as relações imbricadas entre normatividade e políticas reconhecimento operadas por discursos curriculares a partir trajetórias escolares de três “meninos gays”, nomeados, aqui, de Mitchel, Jonas e Álvaro. Inspirado em linhas de forças do trabalho de Judith Butler, o argumento desenvolvido indica a possibilidade de um deslocamento da crítica que descreve o currículo como um horizonte homogêneo de normatividade e aponta para como as escolas podem compor uma vida vivível. Para tanto, o texto acompanha como a luta por inteligibilidade para “meninos gays” ocorre no interior das normas heterogêneas de gênero e de sexualidade. Como corolário, essas normas permitem driblar o campo da abjeção e criam um deslocamento da experiência da homossexualidade do campo do desejo para inscrevê-la como uma corporalidade generificada nomeada de “gay”. Essas mesmas formas corporais de circulação do reconhecimento nos currículos inscrevem, assim, a partir da ambivalência e da heterogeneidade da normatividade, a viabilidade dessas trajetórias escolares. Portanto, se currículos se constituem num instrumento de sujeição, também podem funcionar como uma rede de relações na qual a inteligibilidade se produz, contribuindo para que “meninos gays” possam interagir com as condições históricas do presente.