“Matemáticas indígenas”: Tensionamentos na formação intercultural para professores
DOI:
https://doi.org/10.14507/epaa.28.4792Palavras-chave:
Etnomatemática, Interculturalidade, Pesquisa, Professores indígenas, Jogos de linguagemResumo
Este artigo analisa tensões que ocorrem quando, ao desenvolver pesquisas sobre questões emergentes de sua comunidade, uma estudante indígena busca estabelecer relações entre práticas da tradição indígena e práticas matemáticas escolares, no contexto da licenciatura intercultural. Situa-se nos estudos sobre interculturalidade, na perspectiva decolonial e sobre etnomatemática, formulada a partir da obra tardia de Wittgenstein e do pensamento de Michel Foucault. Adota-se uma abordagem qualitativa reunindo um material de pesquisa que articula escrita, imagens, áudios da sessão de defesa e de uma entrevista e respostas a um questionário. Constrói-se, com base nesse material, um excerto multimodal, representativo da pesquisa e procede-se a uma análise multimodal desse excerto. A análise mostra que as tensões emergem das relações de poder entre a matemática escolar ocidental e outras formas de produzir matemáticas, neste caso, tomando o conhecimento tradicional das pinturas corporais Pataxó como referência. Dada à variedade de usos, funções e papéis da linguagem, com referências em diferentes epistemologias, torna-se impossível aceitar a existência de uma linguagem matemática universal, legitimando outras matemáticas que não dissociam a prática escolar do modo próprio de ser e viver do povo Pataxó.