Limites da lei de cotas nas universidades públicas federais

Autores

  • Hugo Augusto Vasconcelos Medeiros Universidade Federal de Pernambuco
  • Ruy de Deus e Mello Neto Universidade de São Paulo
  • Alfredo Macedo Gomes Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.14507/epaa.24.2200

Palavras-chave:

Lei de Cotas, Educação Superior, Raça, Ações Afirmativas, Brasil

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar se os dispositivos da Lei de Cotas são suficientes para garantir o intento da ação afirmativa, no sentido da democratização do acesso à educação superior através da justa distribuição das vagas em reserva. Consideramos, primeiro, a autodeclaração racial como critério para decidir o acesso à cota; segundo, as dificuldades técnicas e a não-obrigatoriedade de concorrência paralela inter e intragrupo; e terceiro, a diferença entre as porcentagens de pretos, pardos, indígenas (PPI) e estudantes de baixa renda na população geral e as porcentagens de PPI e estudantes de baixa renda nos estratos socioeconômicos utilizados na Lei para definir as reservas de vagas. Os critérios de distribuição das vagas reservadas compreendem, além da obrigação de ter cursado integralmente o ensino médio em escola públicas, o dispositivo de cálculo dos grupos com acesso às vagas reservadas, de acordo com quatro classificações: I-a: estudantes de escola pública, com renda familiar per capita bruta igual ou inferior a 1,5 salários mínimos, PPI; I-b: estudantes de escola pública, com renda familiar per capita bruta igual ou inferior a 1,5 salários mínimos, não-PPI; e II-a: estudantes de escola pública, com renda familiar per capita superior a 1,5 salários mínimos, PPI; II-b: estudantes de escola pública, com renda familiar per capita superior a 1,5 salários mínimos, não-PPI. Como metodologia, realizamos a análise documental do processo de formulação da Lei de Cotas e tratamos comparativamente os dados dos censos educacional e demográfico. Concluímos que, apesar da sua importância como marco das ações afirmativas de educação superior, a Lei de Cotas não reúne as condições necessárias para garantir uma justa distribuição das vagas.

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Biografia do Autor

Hugo Augusto Vasconcelos Medeiros, Universidade Federal de Pernambuco

Licenciado em História pela Universidade Federal de Pernambuco (2008) e mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco (2010), doutorando em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco. Atualmente exerce o cargo de Gestor Governamental (Planejamento, Orçamento e Gestão), na Secretaria de Planejamento e Gestão de Pernambuco. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Avaliação de Sistemas, Instituições, Planos e Programas Educacionais, atuando principalmente nos seguintes temas: Avaliação de Políticas Públicas para o Ensino Médio, Avaliação de Políticas Públicas de ingresso e permanência no Ensino Superior, Avaliação do Sistema Nacional de Pós-graduação.

 

Ruy de Deus e Mello Neto, Universidade de São Paulo

Doutor em educação pela Universidade de São Paulo (na linha de Estado, sociedade e educação), tendo participado de período de estágio de pesquisa na Harvard Graduate School of Education (Cambridge, MA/EUA) - onde trabalhou especificamente com desigualdade no ensino superior. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em políticas públicas da educação e sociologia da educação. Trabalhou em sua tese de doutorado pesquisando o impacto das recentes políticas de acesso ao ensino superior para estudantes de baixa renda adotadas no Brasil. Foi bolsista de pós-doutorado PNPD CAPES na Fundação Joaquim Nabuco. Atualmente é bolsista de pós-doutorado Fapesp na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.

 

Alfredo Macedo Gomes, Universidade Federal de Pernambuco

Graduado em Psicologia pela Universidade Federal de Pernambuco (1990), Mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (1995) e Doutorado em Educação (PhD) pela University of Bristol (2000). Realizou estágio pós-doutoral junto ao Centre for Globalization, Societies and Education, University of Bristol, UK (2010-2011). É professor associado do Departamento de Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação e professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPE. Foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação (2011-2013).Tem formação e experiência de pesquisa na área de políticas da educação superior, com ênfase nos processos de formulação, implementação e avaliação de políticas, projetos e programas, a partir de perspectiva de crítica, com foco nos temas: globalização, regionalização, políticas de educação superior, Estado, classes sociais e sociedade. A pesquisa atual busca contribuir para o entendimento dos processos de globalização e regionalização da educação superior na América Latina, assim como o desenvolvimento teórico-conceitual sobre políticas educacionais e crescimento da educação superior. Integra a Linha de Pesquisa Política Educacional, Planejamento e Gestão da Educação. É coordenador/líder do Grupo de Pesquisa Laboratório de Pesquisa em Políticas. Públicas, Educação e Sociedade (LAPPES) e coordenador da Rede de Cooperação Acadêmico-científica de Educação Superior (REDECAES) no âmbito de projeto integrado (PROCAD-CAPES) com o PPGE/UFG.

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Publicado

2016-01-17

Como Citar

Medeiros, H. A. V., e Mello Neto, R. de D., & Gomes, A. M. (2016). Limites da lei de cotas nas universidades públicas federais. Arquivos Analíticos De Políticas Educativas, 24, 6. https://doi.org/10.14507/epaa.24.2200

Edição

Seção

Articles