BNCC e o passado prático: Temporalidades e produção de identidades no ensino de história
DOI:
https://doi.org/10.14507/epaa.26.3494Palavras-chave:
currículo, ensino de história, passado prático, Base Nacional Comum CurricularResumo
O ano de 2016, no Brasil, foi marcado por uma intensa discussão em torno da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino de história. Os debates giraram em torno, sobretudo, das narrativas que deveriam ou não se fazer presentes no documento, uma vez que a primeira versão da BNCC procurou romper com décadas de um ensino eurocêntrico de história e promover o destaque para as histórias do Brasil, da África, dos afrodescendentes, dos latino-americanos e dos povos indígenas. Esta investigação debruçou-se sobre as três versões da BNCC disponibilizadas pelo Ministério da Educação e sobre as guerras de narrativas no interior do campo da história e do ensino de história. Em uma abordagem que se situa entre teorias da história e do ensino de história, este artigo apresenta problematizações a essa base, tendo como eixo a questão das identidades e das temporalidades. A partir de um diálogo teórico com pensadores como Hayden White e da noção de passado prático, entre outros que permitem pensar os processos de narrativização do passado, bem como num diálogo com o campo do ensino de história, demonstramos como as duas versões que se seguiram à primeira representam um retorno a uma velha história contínua, europeia e desconectada das demandas sociais e identitárias do tempo presente.