Avaliações externas e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica no contexto da Nova Gestão Pública: Uma análise do programa Escola de Gestores na Universidade Federal de Ouro Preto sob a perspectiva dos agentes de base em educação
DOI:
https://doi.org/10.14507/epaa.26.3697Palavras-chave:
política educacional, agentes de base, implementação de política educacional, avaliações externasResumo
Este artigo analisa as percepções dos professores atendidos pelo Programa Escola de Gestores na Universidade Federal de Ouro Preto em relação às avaliações externas e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Os professores e membros da equipe de gestão da escola são os agentes públicos de base que traduzem e implementam as políticas públicas desenhadas no nível estratégico pelos diversos governos. Para o caso do Ideb, compreender como esses sujeitos agem e como pensam é importante a fim de desvendar como as avaliações externas têm sido processadas nas escolas e quais possíveis desdobramentos são ali produzidos. A literatura revela que tal indicador tem promovido mudanças na dinâmica cotidiana escolar e no nível das secretarias de educação, muitas vezes impulsionadas por ações de responsabilização em um contexto de políticas públicas de um estado gerencialista. Nesta pesquisa foram realizadas dezesseis entrevistas em oito escolas públicas com a equipe de gestão nos municípios de Mariana, Ouro Preto, João Monlevade e Itabira (Minas Gerais). A análise revelou que as avaliações externas e o Ideb causam um efeito indução na escola, promovendo a vinculação dos professores em relação ao projeto pedagógico, aumento do número de reuniões pedagógicas e uma preocupação com o planejamento curricular. As entrevistas também revelaram que tais movimentos dependem do perfil das lideranças escolares. O envolvimento das equipes de gestão é um aspecto central para que os profissionais que nelas atuam se comprometam nesse processo. Por outro lado, as entrevistas evidenciaram que o Ideb tornou-se um instrumento regulatório das políticas avaliativas educacionais, voltado para a mensuração de resultados, o que contribui para a geração de um mal estar entre os profissionais e as escolas, revelando práticas sutis e naturalizadas de accountability.