Tecnologias educacionais como ferramentas: Considerações críticas acerca de uma metáfora fundamental
DOI:
https://doi.org/10.14507/epaa.26.3864Palavras-chave:
Tecnologia Educacional, Retórica, Políticas EducacionaitResumo
No Plano Nacional de Educação vigente (2014-2024), a palavra tecnologia aparece repetidamente na descrição de estratégias propostas para apoiar as metas definidas no documento. Ainda que o termo ferramenta não figure explicitamente no texto, sugere-se a ideia da tecnologia como ferramenta que é amplamente disseminada nos discursos acadêmicos e de marketing da tecnologia educacional. Trata-se de uma metáfora fundamental (Perelman & Tyteca-Olbrecht) ou conceptual (Lakoff & Johnson), ou seja, uma metáfora que encapsula determinadas formas de perceber, pensar e relacionar-se com o mundo, e, assim, estrutura o pensamento e a ação. Este artigo discute a metáfora da tecnologia como ferramenta como uma concepção insidiosa e duplamente perigosa, pois, ao oferecer suporte à visão da tecnologia como neutra, expressa na perspectiva de que os impactos de determinados artefatos são função apenas de seus usos, reflete uma perspectiva reducionista da relação entre o humano e o técnico. O texto discute o modo como essa metáfora apoia formas de conceber a tecnologia que precisam ser examinadas, pois a visão simplista e acrítica que promove tende a obscurecer questões fundamentais relativas à multiplicidade de contextos de produção e consumo de artefatos criados por uma indústria com pautas e interesses primordialmente comerciais.