Modos de habitar a história ou Filosofia, cultura e arquitetura na fundação do Altes Museum de Berlim
DOI:
https://doi.org/10.14507/epaa.v19n2.2011Palavras-chave:
Museu, política educacional, história da educação, filosofia.Resumo
Desde a aurora do que hoje entendemos como modernidade o homem se espanta com sua finitude. O burguês dos séculos XVIII e XIX precisou elaborar intrincados mecanismos de preservação de passado e de vinculação com ele. No círculo dos philosophes, o conceito de tempo passa a se duplicar na idéia de origem, que, para eles, se tornou opaca. Basta pensarmos no amplo processo de estruturação dos museus e de reestruturação das coleções de história natural em cidades como Paris e Berlim, na passagem para o século XIX, para nos convencermos de que o assombro com a origem que não mais se reconhece, que se torna objeto de interesse científico e popular, orienta cada uma das decisões envolvidas neste processo. O museu é apenas uma das instituições nas quais o homem, através de uma série complexa de idealizações do espaço, oferece a si mesmo o espetáculo de um tempo há muito perdido, e, portanto, de uma cultura cujo esforço educativo só pode apreender ao se associar a estas instituições. O que nos cabe investigar – e o estudo de caso a partir da discussão em torno da fundação do Altes Museum em Berlim, entre 1822 e 1830 deverá tornar esta investigação mais concreta – é que políticas institucionais tornaram possível a emergência deste novo modelo ideológico, e, no caminho inverso, que elaborações conceituais confirmaram ou legitimaram a nova topografia pragmática do tempo na modernidade no interior da instituição que tinha como objetivo, justamente, articular e administrar o passado e a memória.