Trajetórias e vivências escolares de mulheres em situação de privação de liberdade
DOI:
https://doi.org/10.14507/epaa.v21n76.2013Palavras-chave:
Relação com o saber, Gênero, Sistema prisional, EJA.Resumo
O artigo se insere na discussão sobre a educação de mulheres em situação de privação de liberdade, tema que tem merecido atenção de estudiosos e estudiosas do campo da Educação de Pessoas Jovens e Adultas – EJA. Os dados apresentados foram coletados no contexto de uma pesquisa que analisou a constituição das experiências educativas escolarizadas de mulheres, jovens e adultas, em situação de aprisionamento, no Estado de Minas Gerais. Referem-se especificamente aos relatos produzidos em entrevistas realizadas com 05 (cinco) mulheres que frequentam a escola em uma dessas instituições, e com 01(uma) pedagoga responsável pelo acompanhamento de experiências educativas escolarizadas em instituições prisionais do estado. A análise das narrativas produzidas pelas entrevistadas toma como referência a teoria da relação com o saber proposta por Bernard Charlot, de maneira específica os conceitos de mobilização, sentido e atividade. Os relatos das experiências escolares mostram duas situações diferentes no que diz respeito às condições de acesso e permanência na educação básica: trajetórias marcadas por dificuldades e interrompidas precocemente e outras mais regulares e duradouras. A prisão constitui, portanto, para algumas mulheres, a possibilidade de retomar o ensino fundamental, e, para outras, a impossibilidade de prosseguir o ensino médio. Apesar dessas diferenças, é possível identificar nos relatos aspectos comuns, no que diz respeito aos sentidos da educação escolar, à mobilização em relação ao aprender e à realização das atividades na escola da prisão. Tais aspectos são apresentados e discutidos como elementos de compreensão da complexa realidade da educação de mulheres jovens e adultas no sistema prisional.