A construção do currículo escolar: reflexões sobre a diferença cultural
DOI:
https://doi.org/10.14507/epaa.v22n94.2014Palavras-chave:
currículo e cultura, diferença cultural, conhecimento escolar, políticas educacionaisResumo
Nesse artigo questionamos lógicas de produção curricular fundamentadas na compreensão de que o conhecimento disciplinarizado deve ocupar lugar central no currículo, que sustenta diferentes concepções de ensino. A partir da apropriação de aportes pós-estruturalistas e pós-fundacionistas, com destaque para Ernesto Laclau, e pós-coloniais, com destaque para Homi Bhabha, defendemos que essa lógica contribui para que as diferenças culturais fiquem à margem da escola, no máximo subordinadas a uma cultura significada como a mais adequada à formação do cidadão, o que justificaria a condição de subalternidade das demais. A nosso ver, essa lógica se mantém arraigada nos discursos educacionais. Ela organiza as políticas eficientistas que têm aprofundado o controle sobre a escola, principalmente pelos mecanismos de aferição de desempenho dos resultados dos alunos. Dessa forma, contribuem para que a educação continue sendo reduzida ao ensino e que diferenças culturais não tenham voz no processo educacional. Assumimos a escola como entre-lugar em que múltiplas culturas circulam e afirmamos que elas precisam ser incorporadas aos processos escolares.