Políticas e práticas na formação de gestores escolares na Argentina. Tensões discursivas e experimentais
DOI:
https://doi.org/10.14507/epaa.28.4147Palavras-chave:
Gestão escolar, Reformas educativas, Políticas de formação de professores, Práticas de formação de professoresResumo
O artigo que apresentamos para este dossiê inclui uma análise e reflexões baseadas no estudo: “Políticas e práticas de formação para a gestão das instituições de ensino do Estado nos níveis inicial, primário e secundário”. Esta é uma pesquisa que estamos realizando desde 2017 na Região IV da Província de Buenos Aires (municípios de Quilmes, Berazategui e Florencio Varela), no marco da Universidade Nacional Arturo Jauretche, sobre as políticas de formação de diretores e sua vinculação com a gestão escolar, numa perspectiva histórica, política, institucional e experimental. Do nosso ponto de vista, as questões relativas à gestão escolar há muito que são discutidas e reconhecidas como extremamente importantes tanto ao nível das operações escolares como em termos da aplicação e implementação de políticas educativas. Durante os anos 90, a preocupação com a gestão e administração da educação em nosso país foi expressa num debate que foi dominado pelo tom econômico característico das políticas neoliberais e seus programas de reforma educacional. Estas concepções, situadas num quadro de eficiência, administração e mercado, enfatizaram aspectos associados às ideias de gestão e foram altamente criticadas tanto na altura como posteriormente, quando se assumiu que a política de educação se baseava na ideia de um Estado que garantisse o direito à educação. Na virada do século (2005-2015), o foco da questão foi colocado nos diretores como gestores educacionais das instituições, enfatizando a responsabilidade ética e política que a função gerencial implica. Desde a assunção de um novo governo neoliberal (2015 e seguintes), as políticas públicas de garantia de direitos, que eram características do período anterior, foram brutalmente descontinuadas e as ideias neoliberais do neoliberalismo foram recuperadas, introduzindo algumas novidades, tanto em termos discursivos, como a ênfase no "empreendedorismo", como em relação às formas de privatização da formação de professores para a gestão escolar com fundos públicos. As diferentes concepções sobre o papel e a função da gestão escolar referem-se, sem dúvida, a um quadro de significado da política de educação, contextualizado no tempo e no espaço; envolvem também diferentes formas de considerar a formação e a qualificação daqueles que ocupam ou irão ocupar posições de gestão. Neste artigo vamos apresentar uma análise dos significados políticos e pedagógicos em jogo ao nível discursivo das ofertas educativas e formativas dirigidas às equipas de gestão escolar e também, como contraponto, uma abordagem analítica das construções discursivas e experimentais dos diretores das escolas nas suas realidades quotidianas.