Em nome da integralidade e do bom viver: Genealogia dos departamentos de aconselhamento estudantil no Equador
DOI:
https://doi.org/10.14507/epaa.29.5293Palavras-chave:
Bom Viver, Discurso, Equador, Genealogia, PsicologíaResumo
Neste artigo, analisamos genealogicamente a emergência dos Departamentos de Aconselhamento Estudantil (DECE) no campo das políticas educacionais contemporâneas no Equador. Especificamente, examinamos como se construiu uma nova arquitetura jurídico-normativa que, a partir dos princípios do Bem Viver, busca garantir a prestação de serviços psicológicos e sociais aos estudantes equatorianos a partir de uma nova incorporação de saberes, práticas e expertises do ciências psicológicas. Metodologicamente, aderimos aos princípios de Michel Foucault sobre genealogia, a fim de analisar um corpus textual constituído por diferentes fontes documentais que contêm arquivos legais, normativos e regulatórios relevantes para o nosso problema, bem como entrevistas com legisladores e coordenadores distritais que têm participado dos processos de desenvolvimento e implementação de políticas educacionais relacionadas aos DECEs. Desta forma, através dos nossos eixos de análise expomos como uma nova racionalidade do Estado se configurou em torno da noção de integralidade e como através de diversos ajustes sociotécnicos, regulatórios e práticos se promoveram lógicas de gestão voltadas para governar e controlar formas específicas em que os profissionais implantam suas ações nas instituições de ensino. Por fim, discutimos como o conhecimento de Sumak Kawsay é relegado a uma influente racionalidade técnico-científica que busca orientar os processos educacionais de formas específicas e a uma linguagem psicológica orientada a partir de uma perspectiva biomédica que inibe formas alternativas de compreensão do sujeito e da subjetividade na educação equatoriana.