Reconsiderando parcerias em educação em emergências

Resumo

Atores internacionais cada vez mais defendem parcerias em educação em emergências (EiE) para lidar com as terríveis circunstâncias educacionais de crianças em idade escolar em locais de desastres, conflitos armados, migração forçada e outras crises humanitárias. Este estudo explora a natureza das parcerias na EiE, o ímpeto para uma expansão das parcerias entre diversos atores globais e as principais características, relacionamentos e dinâmicas dessas parcerias. Usando dados coletados de entrevistas com informantes-chave e documentos de organizações envolvidas na resposta à educação de refugiados na Síria (2018-2021), detalhamos duas características emergentes de parcerias em EiE: (1) princípios baseados no mercado em retórica e prática; e (2) um aumento na participação do setor privado. Embora as parcerias tenham como objetivo melhorar a coordenação entre as agências, nosso estudo revela a descoberta contra-intuitiva de que a competição caracteriza as parcerias da EiE com mais frequência do que a coordenação. Além disso, apesar da promoção da comunidade educacional e humanitária de uma “agenda de localização” – priorizando a participação plena das comunidades locais afetadas como parceiros na política e implementação da educação – nossa pesquisa aponta para uma hierarquia mantida onde os atores internacionais detêm mais influência na EiE. Discutimos as implicações práticas dessa assimetria de poder dentro do contexto mais amplo do humanitarismo mercantilizado e levantamos preocupações sobre a equidade dentro de parcerias não controladas.