Redes de políticas pública e implementação do Programa Bolsa Família: Uma análise baseada nos processos derivados do monitoramento da frequência escolar
DOI:
https://doi.org/10.14507/epaa.28.4499Palavras-chave:
redes de políticas públicas, implementação de políticas, política educacionalResumo
O artigo analisa como os agentes implementadores de base constroem e ativam a rede intersetorial induzida pela operacionalizaçãio do Programa Bolsa Família (PBF) em uma região de extrema pobreza no Brasil. O PBF é um programa federal de transferência de renda com condicionalidades, beneficiando 13,8 milhões de famílias. Com base na condicionalidade educacional, o PBF articula-se com outras políticas sociais, utilizando beneficiários, escolas, unidades de saúde e centros de assistência social como vetores que mobilizam órgãos, processos e agentes públicos, desencadeando redes sociais multissetoriais e intersetoriais complexas e dinâmicas. Foram entrevistados 31 agentes públicos multiníveis, incluindo quatorze profissionais de educação em duas escolas e oito profissionais da assistência social em dois centros locais. A análise revela que a burocracia no nível local emerge como articuladora na ponta, indicando que a rede de proteção social no território depende de vínculos e mediações pessoais entre agentes, instituições e equipamentos públicos materializados por processos derivados do monitoramento da frequência escolar. A articulação e interação entre escola e agentes sociais refletem graus de cooperação intersetorial, marcados por diferentes padrões de compreensão / tradução de rotinas e estratégias. A análise destaca explicitamente as conexões entre (i) elementos materiais das redes induzidas pelo PBF, enfatizando seu potencial para entender a implementação de políticas sociais e educacionais.