Indo para a esquerda ou para a direita? Um estudo da lógica política da coalizão chilena de centro-esquerda Concertación em educação
DOI:
https://doi.org/10.14507/epaa.29.5266Palavras-chave:
centro-esquerda, democracia social, neoliberalismo na educação, mercados escolares, ChileResumo
O que significa entregar políticas de esquerda na Educação hoje em dia? Durante a maior parte do século 20, os partidos políticos de centro-esquerda tradicionalmente lutaram por um estado de bem-estar e uma educação pública abrangente. No entanto, em uma era de capitalismo avançado, esses mesmos partidos tenderam a defender e, até mesmo aprofundar, as reformas neoliberais e de nova gestão pública. No Chile, a coalizão de centro-esquerda “Concertación” governou por 20 anos (1990-2010), herdando um sistema educacional voltado para o mercado estabelecido durante a ditadura de Augusto Pinochet. Este artigo, com base na análise de discursos públicos oficiais e documentos (no total 62), examina a lógica e o projeto político da Concertación na educação escolar. O objetivo da coalizão era passar de um “mercado livre” para um “mercado regulado”, por meio de uma fórmula equilibrada que - enquanto preservava a estrutura do mercado - agregava maior investimento estatal, programas compensatórios e medidas de responsabilização por desempenho. Circularam no país hipóteses de que a Concertación não trouxe transformações adicionais devido a restrições legais, à pressão internacional e à “fobia de conflito”. Certamente, houve limitações históricas e disputas internas, mas a pesquisa fornece evidências de que o programa educacional do governo, em grande parte, era fiel ao seu próprio sistema de pensamento. Assim, a coalizão de centro-esquerda não manteve o modelo de mercado apesar de sua racionalidade governamental, mas por causa dela.